quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015

            Caros diocesanos. Vivemos um tempo especial do Ano Litúrgico. Depois das celebrações natalinas - em que tornamos mais presente o mistério da Encarnação de Jesus Cristo - agora nós já estamos vivendo a Quaresma. Este tempo litúrgico, com características de penitência e conversão de vida, foi introduzido, já no IV século da era cristã, com o objetivo de preparar bem a celebração da Páscoa. Para nós brasileiros, desde 1964, estamos acostumados a viver neste tempo a Campanha da Fraternidade. É a forma original, brasileira, de viver o mandamento da caridade, do amor ao próximo. A partir do centro do Evangelho, nós queremos fazer a campanha de sermos mais Irmãos, ou seja, uma campanha de fraternidade. A palavra “frater”, proveniente do latim, significa “irmão”. É a retomada de consciência do que aconteceu no Batismo: tornamo-nos irmãos e irmãs, em Jesus Cristo, filhos e filhas do mesmo Pai. Na Campanha da Fraternidade, em todos os anos, a Igreja do Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos, nos aponta para um dos aspectos concretos da nossa relação fraterna. Em 2015, o tema central é: Igreja e Sociedade, com o lema bíblico: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45). Somos convidados a refletir, meditar, rezar e agir a partir desta relação. O texto-base da Campanha da Fraternidade 2015 propõe o seguinte objetivo a ser alcançado: “Aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus” (Texto-Base, n. 13). 

O próprio Filho de Deus encarnou-se na realidade concreta de seu tempo, assumindo e vivendo a cultura de seu povo, participando ativamente na solução dos problemas e injustiças daquela época, propondo novo modo de viver. Com suas ações, mostrou como deveria ser a vida dos homens e mulheres no Reino de Deus, dando preferência aos marginalizados (cf. Texto-Base, n. 127). Inspirada no Evangelho, a Igreja tentou viver a relação Igreja-Estado através dos tempos, prestando os mais diversos serviços, com a finalidade última de edificar o Reino de Deus neste mundo. 
Hoje vivemos tempos de Estados laicos e, segundo a doutrina da laicidade, os mesmos não optam por uma determinada religião. Não cabe também à Igreja definir e determinar os destinos de uma sociedade, pois sua missão não é de cunho propriamente político, econômico ou social, mas lhe compete o direito de manifestações e intervenção, com a exposição de suas doutrinas e posicionamentos éticos. Inspirada em Jesus Cristo e seu modo de servir, a participação da Igreja se caracteriza em prol dos valores da vida, da dignidade das pessoas, do bem comum e da justiça social. Estes são, portanto, os critérios a partir dos quais a Igreja discerne a oportunidade e o estilo de seu diálogo e de sua colaboração com a sociedade. Convém ainda frisar que a Igreja respeita a laicidade, mas repudia o laicismo, que se caracteriza pelo preconceito contra tudo o que tem a ver com religião (cf. Texto-Base, nn. 100-101 e 226).

O lema: “Eu vim para servir” remete ao Cristo servo, Aquele que nasceu numa gruta, que lavou os pés dos apóstolos, que se doou na cruz para que todos tivessem vida... Os discípulos não podem ser diferentes (cf. Mc 10, 43-45), pois o cristão é chamado a servir como o Mestre. 

Ao concluir, convidamos todos para refletir, neste tempo quaresmal e de Campanha da Fraternidade, sobre as sábias palavras do Concílio Vaticano II: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS 1).

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