Dom Eurico dos Santos Veloso
Por ocasião da festa de Páscoa, a cidade de Jerusalém se enchia de peregrinos. Páscoa era, para os judeus, a festa principal, pois nela o povo recordava a libertação da escravidão do Egito. No tempo de Jesus, o povo ia a Jerusalém para essa celebração festiva, Contudo, a Páscoa deixara de ser uma festa popular e de vida por ter sido manipulada pelas lideranças religiosas, econômicas e políticas daquele tempo. O povo vai a Jerusalém para celebrar a libertação, mas o que aí encontra é a maior exploração.
Pior ainda: parece que Deus está de acordo com tudo isso. A Páscoa não é mais a festa do povo que celebra e revive a libertação. Mas a festa das lideranças exploradoras, que se aproveitam do momento para oprimir ainda mais o povo.
Jesus não concorda com essa situação.
São João diz: “No templo, encontrou os
vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então fez
um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e
os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas.”
Três semanas antes da Páscoa, os
arredores do templo se tornavam um grande mercado. O sumo sacerdote
enriquecia com o aluguel dos espaços para as barracas dos vendedores e
cambistas. Os animais criados nos latifúndios eram conduzidos a
Jerusalém e vendidos a preços que, nessas ocasiões, aumentavam
assustadoramente, sobretudo os pombos, ave que os pobres compravam para
oferecer em sacrifício.
Todo judeu maior de idade devia ir a essa festa e pagar os impostos previstos para o templo.
Expulsando vendedores e animais do
templo, Jesus declara inválidos todos esses sacrifícios, bem como o
culto que se sustenta graças à exploração. Os que se sentem lesados de
Jesus acabar com o comércio no templo querem intimidar: “Que sinal nos
mostras para agir assim?” Jesus responde dizendo que sua morte e
ressurreição serão o grande sinal: “Destruam esse templo e, em três dias
eu o levantarei.” Ele não só aboliu os sacrifícios do templo de
Jerusalém; Ele decretou que o fim do templo já chegou. É através do seu
corpo, morto e ressuscitado, que o povo se encontra com Deus para
celebrar a Páscoa da libertação. A essa altura, o Evangelho de João já
apontas para os responsáveis pela morte de Jesus.
A acusação de Jesus deixa implícito que as lideranças daquele tempo estavam envolvidas com um sistema que gera a morte do povo.
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