Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo de Montes Claros (MG)
A
igreja-templo deve ser usada para ajudar a Igreja-povo realizar sua
missão, que se baseia no alicerce de Jesus Cristo. A conversão para
segui-Lo é essencial na vida de quem quer viver sua fé nele. Usar do
templo e do ser membro da Igreja, família de Cristo, devem levar a
pessoa a realizar o projeto de Deus, sustentado na pessoa do Filho e em
sua Palavra. O templo é o lugar da reunião dos seguidores do Mestre para
realizar o culto e ter o alimento dos dons de Deus para dar suporte à
vida de fé transformadora e libertadora de todo tipo de escravidão. Esta
deve ser superada com a erradicação do egocentrismo, das injustiças,
discriminações e exclusões. Fé sem ação conseqüente da mesma leva a
pessoa ao intimismo religioso, que faz da religião um comércio ou troca
com Deus. Leva a pessoa a buscar para si benesses, curas e soluções de
problemas na ordem econômica, de cunho subjetivo e social, sem colocar
em prática os preceitos de Deus, com um compromisso de promoção da
justiça e do bem comum.
O profeta Ezequiel fala do templo donde
se originam águas fertilizantes da vida. Elas provêm da graça divina,
como verdadeira Igreja encarregada de abastecer o povo com a riqueza de
dons, para dar consistência de realização da vida para todos (Cf.
Ezequiel 47,1-12). De fato, a Igreja instituída por Jesus, é encarregada
de oferecer meios da graça divina para ajudar a humanidade a ter força
para a realização de sua história. Nesta, cada ser humano terá
consistência e alimento sobrenatural para conseguir sua plena
realização. Sem a graça de Deus nenhum ser humano é capaz de se realizar
plenamente, pois, tem sede de amor infinito, que só o Criador pode
oferecer. Ele o faz como quer e encarregou sua Igreja de indicar o
caminho para todos: “Vós sois luz do mundo” (Mateus 5,14).
Paulo lembra que o alicerce da Igreja é
Jesus Cristo: “Ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está
aí, já colocado: Jesus Cristo” (1 Coríntios 3,11). Sua Igreja só tem
sentido na efetivação da missão a ela outorgada pelo Mestre. Assim como o
próprio Senhor expulsou os vendedores do templo de Jerusalém (Cf. João
2,13-22), a Igreja, povo de Deus, deve esvaziar-se de tudo o que a tira
de sua missão de santificar, promover a vida em plenitude, expulsar de
si todo tipo de discórdia, interesses mesquinhos, orgulho, triunfalismo,
hegemonia, uso indevido do que é material, apego ao relativo como sendo
absoluto, autoritarismo e toda forma de opressão.
Como é bela a missão da Igreja de
Cristo, que humaniza, ergue os caídos, dá esperança, promove os
excluídos, dialoga, faz ver a verdade e erradica o erro, incentiva os
carismas, potencializa o pavio ainda fumegante do que existe de bom na
pessoa humana, reconhece os valores dos outros, sabe dar vez, promove a
fraternidade, a justiça, o bem da família, da vida e de toda a
sociedade!
Ser Igreja de Cristo leva a pessoa a
assumir a missão de encantar, de mostrar que seguir o Mestre é o melhor
bem para todos e faz a sociedade perceber o valor de construir a
história com verdadeiro amor, zelo e ajuda de cada um para o bem de
todos. É cuidar do grande navio da história, que deve ser de benefício
para todos. Seu bem estar é de responsabilidade de cada um.
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