Somos cristãos, mas em nossa vida não resplandece a
alegria e a esperança. Não conseguimos comunicar aos outros a presença de Jesus
no meio de nós.
Participamos
frequentemente da Celebração Eucarística e comungamos, pedimos perdão, rezamos
pedindo a Deus que nosso dia possa dar bons frutos. Talvez até leiamos algum
texto bíblico para alimentar nosso espírito, porém, estes momentos não são
capazes de nos transformar.
Facilmente nos desiludimos com as pessoas, e a decepção
nos faz abandonar a caminhada, quantos vão buscar outros caminhos...
Por quê?
“Naquele mesmo
dia...” Assim começa o episódio narrado por São Lucas (24, 13-35) em que apresenta a triste situação de
dois seguidores de Jesus que se encontram agora decepcionados com os
acontecimentos dos últimos dias.
Sua tristeza é comovente; o próprio Jesus a pôde
perceber em suas palavras e na sua
fisionomia abatida. Há uma visível frustração, pois uma nova vida havia
vislumbrado e desejado e de repente esvazia-se sem deixar esperanças.
Estes dois homens conheceram Jesus, conviveram com ele e
talvez a mais de dois anos e foram deixando-se apaixonar por seus ensinamentos.
Suas palavras, suas pregações os seduziram; seus milagres os convenceram. Jesus
era maravilhoso. Por Ele deixaram tudo para segui-lo. O mestre havia ensinado:
“Quem quiser me seguir renuncie a si mesmo...” Quantas renúncias tiveram que
fazer?
Colocaram toda a sua esperança naquele homem.
Mas de repente aquele que curava enfermos, que ressuscitou
mortos, que multiplicou pães fora morto, pregado em uma cruz. Quanta desilusão!
Que tristeza na alma! O que faremos agora? Nada resta senão voltar a nossa vida
de antes e recomeçar.
O trajeto de Jerusalém a Emaús, para além de um caminho
físico, representa um itinerário espiritual, uma via interior por onde passam
todos aqueles que têm qualquer desilusão com o Mestre, com a Igreja, com a
comunidade.
Em Jerusalém estava o templo, ali estava Deus, então ir
para Emaús significa afastar-se de Deus.
Eles decepcionaram-se com o Mestre. Mas Jesus não!
Jesus os ama deu todo o seu sangue por eles e não quer que
eles simplesmente vão embora. Jesus, então põe-se a caminhar com eles. Jesus
está sempre ao nosso lado, caminha conosco, está presente em todos os momentos
de nossa vida. Ele deseja fazer-se notar. Se não sentimos sua presença é porque
nos fechamos em nossa dor e ficamos cegos.
Se formos dóceis em acolher a sua Palavra, aos poucos
nossos olhos se abrem e tudo começa a ter sentido. A Palavra do Senhor é
apaixonante. Só os corações cativados por Ele se deixam tocar pela eficácia de
sua Palavra. Faz “arder” o coração, pois é Palavra viva e infunde amor aos
corações daqueles que se entregam.
Já era tarde e a noite vinha chegando e eles pediram ao
companheiro de caminhada: FICA CONOSCO, SENHOR!
Mas no momento a refeição “eles o reconheceram ao partir o pão.”
Eles caminharam juntos o dia inteiro, foi uma longa
conversa, e não o reconheceram. Os que crêem na Palavra do Senhor, sabem muito
bem o que estas palavras não são circunstanciais. Jesus repetiu o gesto da
Ultima Ceia, quando todos estavam reunidos. Ele celebrou a Eucaristia com ele e
para eles. Mais do que lembrarem-se deste gesto de Jesus, eles reconheceram
Jesus no pão: “Isto é meu corpo..”
ELE VIVE!
Tudo mudou. Os dois caminhantes que tinham iniciado o dia
com o rosto abatido, agora estão com os olhos iluminados por uma nova luz. Uma
nova vida e uma nova missão. Jesus deu-lhes um novo espírito, um espírito de
alegria, de paz, de fortaleza, de esperança e amor.
Cheios de entusiasmos retornaram a Jerusalém para contar a
todos: O SENHOR JESUS ESTÁ VIVO!
Confiar em Jesus é a diferença entre a fé e a duvida; o
desespero e a esperança; o medo e o amor. Porque ELE VIVE!
Maria
Ronety Canibal
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