A ação do Espírito Santo deve tornar-se cada vez mais o motor da missão de toda família, que se realiza concretamente no buscar, proteger e difundir a unidade
Por Osvaldo Rinaldi
ROMA, 18 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) - Esta semana começa o Consistório com o
tema da família, muito desejado pelo Papa Francisco. Um evento de grande
esperança para a Igreja e para o mundo todo, porque quando a Igreja se reúne ao
redor do Santo Padre com todos os seus cardeais, expressa o desejo de invocar e
acolher os dons do Espírito Santo para distribuí-los multiplicados para todo o
mundo.
O tema sobre a relação entre família e Igreja não é apenas um fato europeu,
mas abrange todos os continentes do mundo. A Europa está passando por um rápido
processo de descristianização, onde os direitos da família e dos mais fracos são
pouco considerados. Muitos países latino-americanos têm governantes que estão
eliminando da constituição os princípios fundamentais da vida cristã.. A África
está sujeita a guerras fratricidas causadas pela exploração dos países mais
ricos, e em alguns de seus países estão sofrendo com o flagelo da perseguição
contra os cristãos. A Ásia vive, por um lado, um rápido desenvolvimento
econômico acompanhado por novos vícios resultantes da modernidade e da
indiferença para com os mais fracos, e, por outro lado, mantém um forte
fechamento à liberdade religiosa.
Devido à diversidade de situações, é natural surgir a pergunta se é possível
encontrar respostas adequadas que possam satisfazer as exigências de todas as
família do mundo. A força da Igreja é aquela de propor um modelo de família que
seja válido para todas as latitudes do planeta: uma família onde reine o
diálogo, a partilha, a justiça e a paz.
A finalidade da Igreja não é aquela de uniformizar as famílias eliminando as
diversidades decorrentes das tradições e das culturas típicas do próprio país de
origem. Tudo o que é verdadeiro, bom e belo vem de Deus, e por isso deve ser
mantido com compromisso, porque constitui uma força de atração dentro da
família.
O Espírito Santo tem a capacidade de obrar a unidade na diversidade. E a ação
do Espírito Santo, deve tornar-se cada vez mais o motor da missão de cada
família, que se realiza concretamente no buscar, preservar e difundir a unidade
familiar. Estes três verbos são os pilares sobre os quais é possível edificar os
alicerces da família.
Procurar a unidade não é algo simples e imediato. Normalmente as diferentes
tradições da família de origem (do marido e da mulher), já constituem um fator
de divisão. Procurar a harmonia familiar significa muitas vezes renunciar a um
próprio hábito consolidado, para estar disposto a adotar um completamente
diverso. É um morrer a si mesmo para dar lugar a outro. É quando se trata de
doar-se ao outro, esta é uma obra que somente o Espírito Santo pode realizar por
meio da dócil vontade da pessoa.
Guardar a unidade poderia parecer mais simples do que buscar a unidade, mas a
experiência ensina que é muito mais complexo. De fato, buscar a unidade é algo
de momento, um ir ao encontro do outro para viver aquela partilha temporária da
vida alegre. Guardar não significa somente caminhar naquela harmonia alcançada
com dificuldade. Guardar significa abrir novos espaços de comunhão e de
partilha, para que o outro seja apoio e partícipe de toda decisão da vida
familiar. Podemos dizer que guardar significa uma busca contínua e obsessiva da
unidade. Difundir a unidade pressupõe ter concluído as etapas da busca e da
guarda, mas ao mesmo tempo significa abrir-se ao encontro e à escuta dos
outros.
Em um momento histórico em que as igrejas estão vazias de fieis, porque a fé
se enfraqueceu justamente dentro da vida da família, é indispensável animar o
movimento missionário da Igreja. As famílias que vivem a unidade na diversidade
devem sempre mais sair para encontrar outras famílias, para que uma família
possa encontrar a Deus por meio de uma família que já O encontrou.
Aquele valor sacramental, a unidade na diversidade que permanece um mistério
para aqueles que não frequentam os sacramentos cristãos, se torna visível nas
relações dentro de uma família. E dessa forma, a alegria da fé e da vida vivida
na família, torna visível Deus em um mundo que se encontrou relegado nas trevas
quando apostatou o Evangelho da esperança. Não é necessário usar tantas palavras
ou ter acesso a tratados teológicos para explicar o mistério de Deus Uno e
Trino.
A família contém todos os elementos essenciais da vida cristã: ser um corpo
místico, ser o templo de Deus, ser a esposa unida ao seu esposo, ser mãe e pai
dos filhos de Deus, ser irmãos e irmãs de cada homem que vive na terra.
Existem muitas iniciativas dos vários movimentos, associações, realidades
eclesiais onde esta missão da família já teve o seu começo logo depois do
Concílio Vaticano II. O grande protagonista é o Espírito Santo, o operador da
unidade na diversidade. É importante que o Espírito de Deus seja acolhido,
reconhecido e testemunhado. E tudo isso passará pelas intervenções dos vários
cardeais e pelas intuições que o Papa Francisco vai querer oferecer à Igreja e
ao mundo inteiro
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