terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A logística do amor: um estudo



O amor é o grande tesouro que está no céu do nosso interior. Quando nos predispomos, em tom oratório, a discursar sobre o amor, nossa consciência assume a direção de operacionar o que registramos, chamando a atenção de todo o nosso ser. Nossos sentimentos, igual compartimentos, gerenciam o que de mais valia temos, a coragem de dispor, com antecipação, alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. Nosso coração, em seus mais belos ritmos, oferece-nos o sangue, serpenteando todos os caminhos do corpo, levando-nos ao oceano da vida. Quem sente este afeto familiariza-se consigo mesmo e com os outros. Saint-Exupéry alimenta nossas qualidades morais: "O amor não consiste em fitar um ao outro, mas em olhar juntos na mesma direção". Já Balzac nos presenteia com outra perspectiva: "O amor é a única paixão que não admite nem passado nem futuro". O amor é bem maior do que toda a aritmética e álgebra.

Quem se amedronta a falar de amor, se esconde nos muros do medo. O amor já levou muita gente a mudar de vida a ter novas atitudes a se descobrir. Lembremo-nos de Jesus de Nazaré quando perdoou a mulher pecadora (Jo 8, 1-11). Em sua metodologia não estava um passado que recriminava, julgava, escondendo-se na hipocrisia de uma lei, mas no amor maior de dizer: "Quem não tem culpa atire a primeira pedra" (Jo 8, 7). O amor vai além do pensar, julgar e agir. É bálsamo que cura, limpa a ferida, enobrece o coração, valoriza os sentimentos, e dá paz à consciência. Garante-nos Guiraut de Borneilh: "Assim, pelos olhos, o amor atinge o coração. Os olhos são os espiões do coração vão investigando o que agradaria a este possuir. Quando entram em pleno acordo se harmonizam. Nesse instante nasce o amor perfeito, daquilo que os olhos tornaram bem-vindo ao coração. O amor não pode nascer nem ter início senão no pendor natural. Essa fonte segue clara dando esperança e conforto aos seus amigos. O amor é fruto das três sementes plantadas, vale dizer: da consciência, dos sentimentos e do coração". O amor é mais do que um conjunto de sistemas e algarismos aplicados à lógica.

Emoldurar-se no amor é, pintar com as mais eloqüentes cores, a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade. Este grande tesouro está no céu do nosso interior. Quem nele acumula ódios, rancores, vinganças, empobrece o que ele arrecadou. O amor valoriza a força de vontade quando nos empenhamos de verdade a mudar de vida. Assim aconteceu com a cura dos dois cegos (Mt 9, 27ss) e do possesso mudo (Mt 9, 32ss). O amor precisa ser uma página em branco onde todos os dias escrevo a verdade de minhas ações e o real do meu existir. Louise Hay declara: "O amor vem de onde menos se espera quando não se está procurando por ele. Sair à procura do amor nunca resulta na chegada do certo e só cria melancolia e infelicidade. O amor nunca está fora, mas dentro de nós". Jesus chama-nos para a confiança quando as tempestades da vida parecem nos assolar (Mt 8, 23-27). O amor sempre vence. Pensemos nisso.

Cônego Manuel Quitério de Azevedo
via internet

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