terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

RELATIVISMO RELIGIOSO


          Caros diocesanos. Vivemos em mudança de época e a sociedade é invadida por diversos modos de pensar e agir, entre os quais se destaca o relativismo, que pode inclusive afetar nossa forma de viver a fé cristã. O que entendemos por esta palavra tão valorizada em nossos dias? O relativismo é uma corrente de pensamento segundo a qual nada podemos afirmar a respeito de algo, porque tudo é relativo e depende do ponto de vista de cada um. Segundo este pensamento, não existe o certo e o errado, o positivo e o negativo; existem opiniões diferentes e justapostas. Portanto, uma determinada pessoa pode considerar algo como certo e outra pode considerá-lo errado, não havendo como definir quem tem razão.           Os relativistas acham que ninguém tem autoridade para ensinar aos outros o bem e o mal, o moral e o imoral. Muitos vivem sem referências axiológicas, ou seja, sem valores e princípios pelos quais procuram orientar-se. O certo e o errado tornaram-se conceitos vagos, pois cada um escolhe e decide como quer. Neste contexto, ficam bem os programas da Mídia em que cada um pode afirmar o que quer, a pretexto de liberdade. Afinal, “Você decide”. Em conseqüência, há pais e mães que já não se empenham em deixar claro para seus filhos qual o melhor caminho para seguir na vida ou sentem-se confusos para orientá-los, diante de tanto relativismo que os cerca. Há também casos em que os pais orientam de uma determinada maneira, em casa, e na escola é transmitido outro tipo de orientação. Esse modo de pensar vai penetrando e corroendo todos os campos da sociedade: está na mídia, entra em decisões dos diversos poderes públicos e até no sistema educacional. As crianças já vêm sendo mergulhadas nesse modo de enxergar a vida, e vão sendo influenciadas à medida que avançam na caminhada escolar e o contato com a sociedade. Vivemos os tempos em que tomar partido a respeito de determinados assuntos, sobretudo se considerados polêmicos, já é motivo para ser considerado conservador, antiquado... Para ser atualizado é preciso aceitar tudo e considera-lo como normal...
          Como ficamos nós católicos diante desse modo de pensar e viver? Cada um vai fazer sua religião, sua moral, e tudo fica no campo individual? Jesus Cristo seria alguém a ser seguido à medida que estiver de acordo conosco? Neste sentido alertam-nos as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015: “O individualismo penetra até mesmo em certos ambientes religiosos, na busca da própria satisfação, prescindindo do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes. Oportunistas manipulam a mensagem do Evangelho em causa própria. Já não é mais a pessoa que se coloca na presença de Deus, como servo atento (1 Sm 3,9-10), mas é a ilusão de que Deus pode estar a serviço das pessoas” (DGAE, n. 22).
        Caros diocesanos. Talvez entendamos agora o porquê das freqüentes insistências de Bento XVI sobre o perigo do relativismo que vem se alastrando na sociedade e que pode corroer até nossa fé cristã. É importante termos clareza do que Jesus nos ensinou em seu Evangelho, por palavras e pelo modo de vida, cheio do espírito da gratuidade, da alteridade, da paz e da justiça, caminho totalmente oposto ao individualismo egoísta. Seu Mandamento Novo, que ensina o Amor-serviço e nos reúne em comunidades evangelizadoras a serviço do Reino, será sempre nossa referência maior: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos... O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (Jo 15, 13 e 17). Os valores que nos orientarão na vida se inspirarão sempre neste Evangelho. Será a Palavra de Deus a nos guiar, qual luz em nosso caminho (Sl 119, 105).
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Uruguaiana

Nenhum comentário:

Postar um comentário