Certamente, todos nós já nos
damos conta que a nossa evangelização, para ser coerente, deve sempre chegar à
caridade, ao amor concreto com os irmãos. O cristianismo não é uma bonita teoria
do mundo das idéias, mas uma forma de viver a partir do que Jesus Cristo
ensinou e testemunhou, sobretudo pelo amor máximo de dar a vida. O critério de
julgamento que Jesus apresenta no evangelho de São Mateus (Mt 25, 31-46) deixa
claro que a caridade e o amor vividos ou não serão as referências para a
salvação ou a condenação: “Eu estava com fome, e me destes de comer;
estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em
casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes
visitar-me... Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que
são meus irmãos, foi a mim que o fizestes...Todas as vezes que não fizestes
isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt
25, 35-36.40.45)
Quando a Igreja fala em Doutrina Social
ela quer alertar os fiéis a cuidarem para que o evangelho e suas conseqüências cheguem
ao chão da vida e a todas as pessoas, especialmente aos mais necessitados, cujos
direitos humanos costumam estar visivelmente ameaçados. Assim nasce nosso
compromisso social, ou seja, o evangelho nos convida a irmos ao encontro dos
que precisam de vida mais digna, segundo o projeto de Deus. Podemos dizer que o
compromisso social tem sua raiz na própria fé. O interesse autêntico pelos
problemas da sociedade nasce da solidariedade para com as pessoas e do encontro
pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Por isso a CNBB lembra com insistência:
“Uma comunidade insensível às
necessidades dos irmãos e à luta para vencer a injustiça é um
contra-testemunho, e celebra indignamente a própria liturgia” (DGAE 2008-2010, n. 178). Portanto, não
basta rezar nas igrejas para ser um bom e autêntico cristão. As mãos erguidas
em oração devem ser as mesmas que são estendidas aos irmãos necessitados.
Se o Espírito nos fez um apelo maior
em relação às pastorais sociais pela leitura dos Sinais dos Tempos em nossa
realidade, a diocese quer estar mais atenta a essa dimensão de nossa vivência
cristã nos próximos anos. Existem apelos para participação em diversas
pastorais sociais como, por exemplo, na pastoral carcerária, na pastoral da
criança, na pastoral da saúde, na pastoral dos catadores de lixo, na pastoral
dos aidéticos, na pastoral do amor exigente, para citar apenas algumas
necessidades... Você ou sua família, sua comunidade, seu movimento, sua escola
já pensou em que pastoral poderia marcar presença e atuar? Entre em contato com
sua paróquia e comece a participar. Lembremo-nos que o louvor de Deus não
acontece apenas nas celebrações, nas vigílias ou devoções, por mais importantes
que estas sejam. A dignificação da vida das pessoas é também uma forma de
louvar a Deus, pois fomos criados à imagem e semelhança Dele, portanto, com
vida digna. Toda forma de vida indigna é uma agressão ao projeto de Deus. Que
Ele nos encoraje e faça crescer nossas pastorais sociais!
Dom Aloísio A.Dilli Bispo de Uruguaiana
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