terça-feira, 29 de outubro de 2013

A ORAÇÃO CRISTÃ


 

Caros diocesanos. Hoje nós falaremos sobre a oração cristã, tão necessária em nossa vida. Mas o que vem mesmo ser a oração? Normalmente, afirmamos que é um diálogo que se estabelece entre Deus e a pessoa humana. Este diálogo pode ser espontâneo, de pessoa a Pessoa, ou seja, deixar a alma falar, olhar para Ele e deixar-se olhar por Ele. Enfim, é elevar o espírito e o coração a Deus. Esta forma torna-se mais profunda com a ajuda da Bíblia, que contém a Palavra de Deus, viva e eficaz em todos os tempos; através dela nós temos a certeza de que não estamos fazendo monólogo, ou seja, conversando egoisticamente conosco mesmos, a partir dos nossos interesses e desejos pessoais. Uma das formas bíblicas de oração, de longa tradição na Igreja, é aLeitura Orante da Bíblia. Através dela Deus fala conosco com sua atenção paternal e nós ouvimos e respondemos com expressões de fé, de louvor e de súplica e buscamos ações conseqüentes em nossa vida.
Quando Jesus fala sobre o modo de rezar, antes de ensinar o Pai-Nosso, Ele adverte os discípulos para evitarem a simples multiplicação de palavras: “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais” (Mt 6, 7-8). A partir do ensinamento e do testemunho de Jesus, nós podemos aprender alguns pontos fundamentais sobre a oração:
·         Pela oração consideramos Deus como nosso princípio e fim; acolhemos a nós mesmos como seu dom amado, convidados a participar de sua vida;
·         Na oração reconhecemos nossos limites: somos finitos, abertos ao infinito. Animais de circo se ajoelham por condicionamento, mas somente a pessoa humana prostra-se livremente e com humildade no palco da vida para interrogar-se sobre a própria origem e destino;
·         Ao rezar, nos reconhecemos criados à imagem e semelhança de Deus: encontramo-nos com nossa identidade mais profunda; é um abrir-nos Àquele Outro que nos tornou filhos e herdeiros seus;
·         Orar não é falar sobre Deus, mas dialogar com Ele; percebê-Lo 
em nós. Não basta nosso conhecimento de Deus, é preciso acontecer nosso encontro filial com Ele para recordá-Lo (colocá-Lo de novo no coração); escribas e sacerdotes de Jerusalém sabiam tudo sobre o Senhor, mas não o encontraram em sua vida (Mt 2, 1-12).
·         A oração autêntica é o respiro da vida. Ela torna-se necessidade constante para a sobrevivência da nossa fé;
·         Se a oração faz entrar em comunhão com a Trindade, tornando-nos filhos e herdeiros, ela necessariamente nos conduzirá também ao encontro dos irmãos e das irmãs;
·         A experiência da oração constante nos levará sempre mais para a forma por excelência de orar, que encontramos na celebração da Liturgia, em comunhão com toda Igreja (SC 12-13);
·         Quanto mais crescermos na oração, aumentará em nós o desejo de partilhar a experiência da comunhão com Deus e com os irmãos, tornando-nos discípulos missionários desta boa nova.
Inspirados na fé e na vida de oração da Virgem Maria, façamos da Bíblia nosso melhor livro de oração, pois nela, em sua expressão máxima, encontramos o Verbo, a Palavra, o próprio Jesus, que se fez carne e veio habitar entre nós (Jo 1,14).
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

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