terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O CICLO DO NATAL



 
 Em nossas anteriores reflexões litúrgicas já abordamos as origens históricas da celebração do Natal e agora queremos conhecer o desenvolvimento do Ciclo natalino, tendo o Advento como fase preparatória e a Epifania e o Batismo do Senhor, como continuação celebrativa, ligados ao mistério da encarnação.
Advento: este tempo de piedosa e feliz expectativa, que antecede a celebração do Natal, não tem suas origens históricas totalmente claras. Antes da sua presença litúrgica no rito romano (séc. VI), já há indícios na Gália e Espanha de um tempo de penitência e oração em vista da celebração do Natal. Em Roma, não encontramos esse aspecto penitencial, mas o Advento foi desde a origem uma instituição litúrgica. A duração cronológica da preparação ao Natal não foi igual em todas as Igrejas. Roma, depois de cinco e até seis semanas, optou finalmente por quatro semanas de Advento, com o sentido de preparação para o Natal.
O conteúdo teológico dessa preparação contém dupla dimensão de esperança: Preparação para o nascimento do Senhor e espera pelo Senhor na parusia (fim dos tempos). Afirmam as Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário da reforma do Vaticano II: “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (Missal Romano - NUALC 39). Essas características se misturam, ora acentuando-se mais a um, ora mais a outro aspecto, dependendo das diversas Igrejas e épocas. A reforma litúrgica do Vaticano II houve por bem manter essa dupla característica da espera. No Oriente, praticamente, não se pode falar em tempo de Advento, senão apenas em alguns dias de preparação.
Epifania: Como continuação celebrativa do Natal aparece a Epifania, com sentido de manifestação ou aparição do Messias. O objetivo é apresentar o Verbo encarnado, acentuando os sinais temporais e terrestres que atestam de fato que a criança nascida é o Salvador de todos os povos, representados pelos magos. Nesse contexto, aparecem os denominados: Tria miracula (Três milagres), especialmente acentuados no oriente: a estrela que guia os magos à manjedoura de Belém; o Batismo
em que Jesus é confirmado como o Filho de Deus; e o milagre de Caná, em que Jesus transforma água em vinho, realizando o seu primeiro milagre. Estes são os sinais de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus Salvador. É significativa a antífona do Cântico evangélico da Oração da Tarde na solenidade da Epifania do Senhor:

Recordamos neste dia três mistérios: 
Hoje a estrela guia os Magos ao presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos” (LH, vol. I, p. 519).

A Igreja ocidental mantém a Epifania (06 de janeiro ou no Domingo entre os dias 2 e 5) ligada aos magos e no domingo seguinte celebra o Batismo do Senhor. O Milagre de Caná é celebrado, no Ano C, no domingo após o Batismo do Senhor (2º Dom do Tempo Comum). No domingo da oitava do Natal (ou 30 de dezembro na ausência deste) celebra-se a festa da Sagrada Família.
Abençoai, Senhor, a nossa preparação ao Natal e acompanhai-nos na celebração de seus santos mistérios!
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana(Mensagem da Diocese 291: 2.ª Semana de Dezembro/ 2013)

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