segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Jesus Cristo, centro da história



Com o final do ano litúrgico e o início de um novo, a liturgia nos ajuda a buscar o sentido último de nossas vidas e a nos perguntar sobre o centro de nossa existência. Quando celebramos na véspera da Solenidade de Cristo Rei a nossa Festa da Unidade foi justamente com o enfoque de salientar como a centralidade de Jesus Cristo nos leva à comunhão e à fraternidade. Ele nos dá o Espírito Santo, que nos une a todos.

Nesses dias em que nos preparamos para o ano da “caridade social” em nossa Arquidiocese, somos instados a refletir sobre o Reino de Deus. O Reino de Cristo é, antes de tudo, o reino de verdade, o reino de graça, o reino de justiça e o reino de misericórdia, como tem insistido, cotidianamente, o Santo Padre Francisco. O Reino de Deus é reino em que nos inserimos com adesão livre e pessoal, e nós devemos deixar que Nosso Senhor Jesus Cristo reine sempre na nossa vida; devemos abrir-Lhe com alegria a porta do nosso espírito, fazê-Lo entrar na nossa vida acolhendo a sua Palavra e respondendo a ela com a nossa diária fidelidade aos nossos empenhos, com um posicionamento de vida que se baseie em efetivas opções coerentes com a fé.

Em Jesus Cristo, Deus – o Alfa e o Ômega – é Aquele que é, e que era, mas ao mesmo tempo O que há de vir. O Reino de Deus, que mediante a criação permanece inabalável no universo inteiro, ao mesmo tempo tem na humanidade, mediante a obra da redenção, o seu passado, presente e futuro. Tem a sua história, que se desenvolve juntamente com a história da humanidade. No centro desta história, como já salientamos, encontra-se Jesus Cristo. 

São João, no seu livro do Apocalipse, nos ensina que: "Jesus Cristo, Aquele que nos ama e que com o Seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus, Seu Pai" (Apoc 1, 5-6). Jesus Cristo é um Rei que ama. O Seu Reino não passará jamais. Não passará o Reino d'Aquele "que nos ama e que com o Seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos fez reis e sacerdotes para Deus, Seu Pai". Não passará o Reino da verdade, do amor, da graça e do perdão.

Nosso Senhor Jesus Cristo foi elevado na cruz como um Rei singular: como a eterna Testemunha da verdade. Se nasci, se vim a este mundo, foi para dar testemunho da verdade. Este testemunho é a medida das nossas obras. A medida da vida. A verdade por que Cristo deu a vida, e que confirmou com a ressurreição, é o princípio fundamental da dignidade do homem. 

O reino de Jesus Cristo manifesta-se, como ensina o Concílio Ecumênico Vaticano II, na "realeza" do homem. É necessário que, a esta luz, nós saibamos participar em todas as esferas da vida contemporânea e saibamos formá-la. Nos nossos tempos não faltam, de fato, propostas dirigidas ao homem, não faltam programas que se apregoam fomentarem o seu bem. Saibamos relê-los à luz da plena verdade sobre o homem, da verdade confirmada com as palavras e com a cruz de Cristo! Saibamos discerni-los bem! Especialmente neste Ano da Caridade necessitaremos muito dessa luz.

Jesus, o Filho do Homem, o juiz supremo das nossas vidas, quis assumir o rosto daqueles que têm fome e sede, dos estrangeiros, dos que estão nus, doentes ou presos, dos que não têm moradia, ou dos que são subjugados pelas guerras urbanas ou nacionais… enfim, de todas as pessoas que sofrem ou são marginalizadas ou não conseguem viver a paz que vem do Evangelho. Jesus, o Filho de Deus, tornou-Se homem, partilhou a nossa vida mesmo nos detalhes mais concretos, fazendo-Se servo do mais pequenino dos seus irmãos. Ele que não tinha onde repousar a cabeça seria condenado a morrer numa cruz.

Para que caminhemos com Cristo e com Ele cheguemos à visão beatífica é necessário que experimentemos e tenhamos misericórdia. A misericórdia é a nota fundamental que abre as portas do Reino do Céu. Vamos viver bem este tempo do Advento com atos de unidade e de evangelização, indo ao encontro dos que estão detidos, dos que estão doentes, dos que estão afastados e que desejam voltar para a unidade com Cristo e com a Igreja. Preparemo-nos para abrir o novo ano civil com a trezena e festa de São Sebastião como Ano da Caridade. O tema será “São Sebastião, discípulo do amor e da caridade”, inspirado no texto bíblico: “Se eu não tiver caridade, de nada adianta” (1Cor, 13,3).

Na Festa da Unidade Arquidiocesana demos testemunho do Reino de Deus e da comunhão entre nós reconhecendo a ação de Deus em nossa vida e história. Isso significa fazer sobressair sempre a prioridade de Deus e da sua vontade face aos interesses do mundo e dos seus poderes. Vivamos como imitadores de Jesus, que manifestou a sua glória: a glória de amar até ao fim, dando a própria vida!

Dom Orani João Tempesta

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