Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Dizemos que o ser humano é um dos seres
vivos do planeta dotado de razão e inteligência, capaz para decidir
entre o bem e o mal e direcionar sua vida para o futuro. Num contexto de
fé, ele tem uma história iluminada por Deus e projetada dentro de um
caminho de salvação. Com isto, é humano com finalidade divina e sua
vontade deve estar sempre subordinada à de Deus.
Sendo Deus o Senhor da história, os atos
do homem e os (atos) humanos devem estar subordinados aos critérios das
palavras da fé. O ser humano tem primazia entre todas as criaturas, mas
não é dono do mundo. Há limites definidos de responsabilidade e de
respeito para com o alheio. O que realizamos fora desses parâmetros,
chamamos de violência e de desrespeito.
Na via da história da sociedade temos a
autoridade política, que cuida da ordem e do bem público, e que deve ser
respeitada dentro de seu campo. Mas também o poder público tem seus
limites e estão subordinados aos princípios da Palavra de Deus. Essas
autoridades não podem exigir o que só a Deus é devido.
Por constituição básica, o ser humano
está sujeito a duas forças de poder, uma política e outra religiosa. Por
força da origem, ele é político, em vista do bem comum, e religioso
como inspiração natural de seu ser e destino divinos. Jesus harmoniza
essas duas realidades com a expressão: “Dai, pois a Cézar o que é de
Cézar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21).
A autoridade deve saber que ela é
instrumento de Deus para executar uma tarefa. Elegemos Presidente da
República para que ele serva o país, administre o bem público de forma
correta, tendo como meta principal a dignidade do ser humano, criado à
imagem e semelhança de Deus.
Nenhuma autoridade é eterna e absoluta.
Se o povo a elege, deveria também destitui-la no caso de improbidade
administrativa. Isto significa exercer seu direito de cidadania e fazer a
vontade de Deus no cumprimento da justiça.
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