Em Santa Marta, o Papa aponta o caminho para uma "vida
cristã": ouvir a palavra de Deus e a por em prática
Por Federico Cenci
ROMA, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) -
A liturgia do dia nos apresenta
uma passagem curta do Evangelho, mas com um significado profundo, assim como
curta foi a mensagem que o Papa Francisco dirigiu aos fiéis durante a homilia
da missa celebrada na Casa Santa Marta. A vida cristã é "simples" -
disse o Papa - e consiste em ouvir a Palavra de Deus e a por em prática, sem
modifica-la com explicações complicadas e difíceis de entender.
"Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem as palavras de
Deus e as põem em prática" (Lc 8, 21), afirma Jesus, conforme narra São
Lucas. Palavras que o Bispo de Roma recordou como novas, assim como a
autoridade de quem lhes pronunciava. Autoridade que tinha o poder de penetrar
os corações, anunciando "a força da salvação", de modo a atrair as
multidões e convertê-las.
Entre os seguidores de Jesus, encontravam-se aqueles que seguiam
apenas por “conveniência” sem pureza de coração, apenas pela vontade de
“parecer bons”. O Papa observa que em dois mil anos, no cenário histórico,
existem pessoas assim, como os nove leprosos do Evangelho que,
"felizes" pela saúde readquirida, “se esquecem de Jesus”, que a tinha
lhes dado.
Ingratidão que não mina a misericórdia de Jesus, que
"continuou a falar com as pessoas e amar as pessoas e a amar o povo".
Amor que chega a tal ponto de atribuir a essas pessoas que o seguiam o título
de "irmãos" e "mãe"; pessoas que "ouvem a palavra de
Deus" e "a colocam em prática". Papa Francisco reconhece nessas
atitudes as "duas condições para seguir Jesus". Na verdade -
acrescenta o Santo Padre - "esta é a vida cristã, nada mais". Uma
vida "simples”, que talvez nós fizemo-la um pouco “difícil”, com muitas
explicações que ninguém entende. Mas, insiste o Papa, “a vida cristã é isto:
escutar a Palavra de Deus e praticá-la".
Para fazer isso "basta abrir a Bíblia, o Evangelho", e
não apenas ler estas páginas, mas "ouvir". O conselho do Papa é o
seguinte: Ouvir a Palavra de Deus é ler e se perguntar: “Com isto, Deus fala-me
alguma coisa? O que isto fala ao meu coração?”. Assim "a nossa vida
muda"; escutando a Palavra de Deus "com os ouvidos" sim, mas,
sobretudo, "com o coração."
Coração com uma superfície seca era o dos "inimigos de
Jesus" - recorda o Papa -, "que estavam perto dele para tentar
encontrar um erro, para fazê-lo escorregar para que perdesse a autoridade”.
Estes nunca se perguntavam: "O que diz Deus para mim com esta Palavra?' E
Deus não fala só para todos: sim, fala para todos, mas fala para cada um de
nós. O Evangelho foi escrito para cada um de nós.”
Papa Bergoglio reconhece que "por em prática" o que você
ouviu "não é fácil". "É mais fácil viver tranquilamente sem
preocupar-se com as exigências da Palavra de Deus". Duas maneiras de
escapar dessa tentação é por em prática “os Mandamentos e as Bem-aventuranças”.
Isto consiste em estar ciente do fato de que existe a misericórdia de Jesus,
também quando o nosso coração escuta, mas faz de conta que não entende. Ele
"perdoa" e "espera todos porque é paciente”.
Talvez, o exemplo mais concreto da misericórdia de Jesus seja a
relação com Judas, o traidor. O Papa recordou que Ele diz "amigo",
"naquele momento em que Judas o trai". Testemunho de que em todas as
circunstâncias, "o Senhor sempre semeia sua Palavra, e somente pede um
coração aberto para ouvi-la e boa vontade para colocá-la em prática".
Um exercício, que vem através da oração. Por fim, o Papa convidou os
fiéis a recitarem as palavras do Salmo de hoje: "Guia-me Senhor no caminho
de seus mandamentos', que é o caminho da sua Palavra, e para que eu possa
aprender com a sua guia a colocá-la em prática."
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