Num espaço em que se falavam todas as línguas, a linguagem do amor prevaleceu. A única ameaça que havia era o grande amor do povo para com o Santo Padre
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.
RIO DE JANEIRO, 05 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Os olhares do mundo se dirigiram para o
Rio de Janeiro durante os dias da Jornada Mundial da Juventude! Evidentemente
que a mídia em geral enfocou principalmente, como não poderia deixar de ser, a
presença, os gestos e as palavras do Papa Francisco em sua primeira viagem
pastoral, e justamente à “sua” América Latina. Realmente, foram de “lavar a
alma” aqueles belos momentos. Muitos artigos ainda serão publicados sobre cada
gesto, sobre cada frase ou cada possível omissão de palavra na frase, ou ainda
sobre os momentos escolhidos para que o primeiro peregrino da Jornada estivesse
em contato com os jovens presentes no Rio de Janeiro, e, através das mídias, com
o mundo todo. Nunca saberemos quantos milhões de pessoas foram atingidas
naqueles dias e que foram convidadas para a construção de um mundo mais justo e
humano.
Porém, a Jornada teve muitos outros olhares. Os encontros menores, os países presentes, a primeira viagem de muitos jovens fora de sua pátria, a experiência das paróquias, dos padres, das famílias acolhedoras! E o que dizer da feira vocacional, o encontro de grupos nacionais em grandes momentos, a presença das relíquias de santos e beatos, as mostras culturais, os shows variados pela cidade?
E a presença de jovens que embelezaram todos os cantos durante mais de uma semana levou também à admiração e simpatia os habitantes dessa cidade. Já tinham dado um grande passo: abriram suas casas e seus corações ao irmão que veio de longe! Nisso, as pesquisas foram unânimes: a alegria dos que foram acolhidos pela generosidade e fraternidade dos cariocas! Os que para cá vieram experimentaram que foram acolhidos como irmãos! Isso aconteceu tanto nas residências como nas paróquias. Todos se esmeraram. Até mesmo para resolver problemas surgidos de última hora, como falta de vistos de entrada, perda de passaportes ou de outros documentos, dificuldades de alojamento para quem não tinha feito inscrição, acolhimento em dias não previstos, alimentação a mais fornecida com carinho para esses jovens que fizeram essa longa peregrinação.
Essa JMJ, foi, sem dúvida, uma ação de Deus na vida de todos nós! Para quem organizou nesses quase dois anos com todos os detalhes e discutiu todas as possibilidades, tudo o que houve não se pode atribuir a nós! Creio que foi o evento que mais teve mudanças que podemos saber: desde a mudança da base aérea de Santa Cruz, passando pela renúncia e eleição do Papa, até a mudança do local das celebrações finais. Nesse mesmo contexto tivemos a dificuldade financeira da Europa, as manifestações no Brasil, acontecimentos que mudaram as questões de segurança, como o incêndio da casa de espetáculos no sul e o atentado nos EUA, que fizeram com que as normas se modificassem a cada momento, com novas exigências. Claro que as pequenas manifestações de pessoas que não concordam com os valores da Igreja também estiveram presentes, mas foram respondidas com paz e fraternidade de quem não estava para brigar, mas para dar as mãos e anunciar a paz! A colaboração de todas as autoridades e organizações trouxe a certeza de que o Senhor conduz a história. Não teria como fazer tantas mudanças e continuar tudo tão em paz, inclusive com a limpeza inédita da praia de Copacabana após um grande evento, e a não ocorrência de violência em uma concentração de mais de três milhões e meio de pessoas no mesmo lugar! Num espaço em que se falavam todas as línguas, a “linguagem do amor” prevaleceu. Contagiou os moradores de Copacabana, que estão acostumados a ver sua região ter grandes eventos, e viram naqueles dias que algo novo estava no ar.
As dificuldades para chegar perto do Santo Padre são naturais, pois ele é um só para milhares de pessoas, mas de uma forma ou outra ele se aproximou o mais possível. Até mesmo a segurança, tão preocupada, viu que a única ameaça que havia era o “grande amor” do povo para com o Santo Padre. Infelizmente, em algumas celebrações, na entrada de sacerdotes prevaleceu mais a força que a caridade, mas tenho certeza de que eles saberão perdoar esses momentos mais difíceis. Em geral, a alegria era contagiante.
As catequeses nas diversas línguas por todos os cantos da cidade e os encontros menores falaram muito ao coração de quem recebia e de quem participava. Não era só um evento de massa! Foi um evento em que houve contatos pessoais, partilhas, meditação, oração! O que dizer dos momentos de oração silenciosa não só em Copacabana, mas também nas paróquias, com jovens fazendo vigílias nas Igrejas?
Esses jovens são responsáveis por um mundo mais justo e humano! Estão dispostos a ir às ruas, como pediu o Papa, também para testemunhar que um mundo novo, sem violência, sem guerras, sem divisões – é possível. Vieram de todos os tipos de regime de governo e sabem o que é cada situação, ou de exclusão ou de ditadura. Sabem também de sua responsabilidade no mundo de hoje e de amanhã. Essa experiência de troca universal que houve aqui no Rio de Janeiro permanecerá em seus corações e, tenho certeza de que já os entusiasmou para viverem ainda mais sua vocação e sua missão.
Nós, que os recebemos aqui, também fomos transformados! Mesmo os corações mais empedernidos se abriram. Essa experiência por nós vivida precisa ser continuada: abertura ao outro, acolhimento do irmão, alegria pela presença das pessoas em nossas vidas, protagonismo do jovem, preocupação com a paz e a fraternidade, luta por um mundo mais justo, diálogo com toda a sociedade e anúncio de Jesus Cristo, Nosso Senhor, caminho, verdade e vida!
Irmãos e irmãs: a Jornada foi um evento importante para nossas vidas e nosso país. Aqui nessa cidade vimos a mão de Deus agir. Agora precisamos continuar nesse mesmo caminho, buscando concretizar tantos sonhos e tantos desejos expressos naqueles dias. Cabe a cada um de nós, a nossas paróquias e nossas pastorais darem os passos dentro daquilo que o Senhor nos concedeu por inteira liberalidade e misericórdia.
Teremos ainda muitas reflexões a fazer, pois melhor que ninguém cada um que viveu aqueles momentos terá muito a contribuir para o presente e o futuro. Agradeço a Deus que se mostrou fiel em tudo o que aconteceu, peço-Lhe para que todos os jovens que para cá vieram se tornem protagonistas em seus ambientes, e exorto a todos dessa querida arquidiocese a estarmos ainda mais unidos para discernir os caminhos que o Senhor nos apontou naqueles abençoados dias.
Aceitem o meu abraço de coração agradecido a todos, e minhas orações na intenção do presente e futuro do mundo que aqui esteve reunido durante uma semana.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Porém, a Jornada teve muitos outros olhares. Os encontros menores, os países presentes, a primeira viagem de muitos jovens fora de sua pátria, a experiência das paróquias, dos padres, das famílias acolhedoras! E o que dizer da feira vocacional, o encontro de grupos nacionais em grandes momentos, a presença das relíquias de santos e beatos, as mostras culturais, os shows variados pela cidade?
E a presença de jovens que embelezaram todos os cantos durante mais de uma semana levou também à admiração e simpatia os habitantes dessa cidade. Já tinham dado um grande passo: abriram suas casas e seus corações ao irmão que veio de longe! Nisso, as pesquisas foram unânimes: a alegria dos que foram acolhidos pela generosidade e fraternidade dos cariocas! Os que para cá vieram experimentaram que foram acolhidos como irmãos! Isso aconteceu tanto nas residências como nas paróquias. Todos se esmeraram. Até mesmo para resolver problemas surgidos de última hora, como falta de vistos de entrada, perda de passaportes ou de outros documentos, dificuldades de alojamento para quem não tinha feito inscrição, acolhimento em dias não previstos, alimentação a mais fornecida com carinho para esses jovens que fizeram essa longa peregrinação.
Essa JMJ, foi, sem dúvida, uma ação de Deus na vida de todos nós! Para quem organizou nesses quase dois anos com todos os detalhes e discutiu todas as possibilidades, tudo o que houve não se pode atribuir a nós! Creio que foi o evento que mais teve mudanças que podemos saber: desde a mudança da base aérea de Santa Cruz, passando pela renúncia e eleição do Papa, até a mudança do local das celebrações finais. Nesse mesmo contexto tivemos a dificuldade financeira da Europa, as manifestações no Brasil, acontecimentos que mudaram as questões de segurança, como o incêndio da casa de espetáculos no sul e o atentado nos EUA, que fizeram com que as normas se modificassem a cada momento, com novas exigências. Claro que as pequenas manifestações de pessoas que não concordam com os valores da Igreja também estiveram presentes, mas foram respondidas com paz e fraternidade de quem não estava para brigar, mas para dar as mãos e anunciar a paz! A colaboração de todas as autoridades e organizações trouxe a certeza de que o Senhor conduz a história. Não teria como fazer tantas mudanças e continuar tudo tão em paz, inclusive com a limpeza inédita da praia de Copacabana após um grande evento, e a não ocorrência de violência em uma concentração de mais de três milhões e meio de pessoas no mesmo lugar! Num espaço em que se falavam todas as línguas, a “linguagem do amor” prevaleceu. Contagiou os moradores de Copacabana, que estão acostumados a ver sua região ter grandes eventos, e viram naqueles dias que algo novo estava no ar.
As dificuldades para chegar perto do Santo Padre são naturais, pois ele é um só para milhares de pessoas, mas de uma forma ou outra ele se aproximou o mais possível. Até mesmo a segurança, tão preocupada, viu que a única ameaça que havia era o “grande amor” do povo para com o Santo Padre. Infelizmente, em algumas celebrações, na entrada de sacerdotes prevaleceu mais a força que a caridade, mas tenho certeza de que eles saberão perdoar esses momentos mais difíceis. Em geral, a alegria era contagiante.
As catequeses nas diversas línguas por todos os cantos da cidade e os encontros menores falaram muito ao coração de quem recebia e de quem participava. Não era só um evento de massa! Foi um evento em que houve contatos pessoais, partilhas, meditação, oração! O que dizer dos momentos de oração silenciosa não só em Copacabana, mas também nas paróquias, com jovens fazendo vigílias nas Igrejas?
Esses jovens são responsáveis por um mundo mais justo e humano! Estão dispostos a ir às ruas, como pediu o Papa, também para testemunhar que um mundo novo, sem violência, sem guerras, sem divisões – é possível. Vieram de todos os tipos de regime de governo e sabem o que é cada situação, ou de exclusão ou de ditadura. Sabem também de sua responsabilidade no mundo de hoje e de amanhã. Essa experiência de troca universal que houve aqui no Rio de Janeiro permanecerá em seus corações e, tenho certeza de que já os entusiasmou para viverem ainda mais sua vocação e sua missão.
Nós, que os recebemos aqui, também fomos transformados! Mesmo os corações mais empedernidos se abriram. Essa experiência por nós vivida precisa ser continuada: abertura ao outro, acolhimento do irmão, alegria pela presença das pessoas em nossas vidas, protagonismo do jovem, preocupação com a paz e a fraternidade, luta por um mundo mais justo, diálogo com toda a sociedade e anúncio de Jesus Cristo, Nosso Senhor, caminho, verdade e vida!
Irmãos e irmãs: a Jornada foi um evento importante para nossas vidas e nosso país. Aqui nessa cidade vimos a mão de Deus agir. Agora precisamos continuar nesse mesmo caminho, buscando concretizar tantos sonhos e tantos desejos expressos naqueles dias. Cabe a cada um de nós, a nossas paróquias e nossas pastorais darem os passos dentro daquilo que o Senhor nos concedeu por inteira liberalidade e misericórdia.
Teremos ainda muitas reflexões a fazer, pois melhor que ninguém cada um que viveu aqueles momentos terá muito a contribuir para o presente e o futuro. Agradeço a Deus que se mostrou fiel em tudo o que aconteceu, peço-Lhe para que todos os jovens que para cá vieram se tornem protagonistas em seus ambientes, e exorto a todos dessa querida arquidiocese a estarmos ainda mais unidos para discernir os caminhos que o Senhor nos apontou naqueles abençoados dias.
Aceitem o meu abraço de coração agradecido a todos, e minhas orações na intenção do presente e futuro do mundo que aqui esteve reunido durante uma semana.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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