Caros diocesanos. Na solenidade de São Pedro e São Paulo deste ano, o Papa Francisco publicou sua primeira Carta Encíclica – Lumen Fidei (A Luz da Fé). Na mensagem passada já abordamos o primeiro capítulo, em que o Papa afirma que somente pela razão não se consegue responder satisfatoriamente as perguntas fundamentais da existência humana, sobretudo do seu futuro, e que somente a luz da fé, com fonte divina, é capaz de iluminá-la. Esta fé nasce no encontro com o Deus vivo e fiel, o qual nos chama e revela o seu amor, que nos precede e sobre o qual podemos construir solidamente uma nova vida. Jesus encarnado torna-se o sim definitivo das promessas de Deus; sua história, centralizada na morte e ressurreição, é a manifestação plena da fidelidade de Deus e a suprema manifestação do seu amor por nós. Esse amor de Deus suscita em nós a resposta da fé que não só faz olhar para Jesus, mas a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos. Assim a pessoa que crê é transformada pelo dom do amor de Deus, ao qual se abriu na fé. No segundo capítulo da Encíclica o Papa Francisco preocupa-se em acentuar que a pessoa humana, na questão da fé, precisa do conhecimento da verdade objetiva (fé na presença do Deus vivo e fiel à Aliança), porque sem ela não fica de pé e não consegue caminhar: “Sem verdade, a fé não salva, não torna seguros os nossos passos. Seria uma linda fábula, a projeção dos nossos desejos de felicidade, algo que nos satisfaz só na medida em que nos quisermos iludir; ou então reduzir-se-ia a um sentimento bom que consola e afaga, mas permanece sujeito às nossas mudanças de ânimo, à variação dos tempos, incapaz de sustentar um caminho constante na vida” (LF 24). Como exemplo, nós citamos um texto do Pontífice em que ele mostra a absoluta necessidade que o amor tem da verdade para que seja duradouro: “Apenas na medida em que o amor estiver fundado na verdade é que pode perdurar no tempo, superar o instante efêmero e permanecer firme para sustentar um caminho comum. Se o amor não tivesse relação com a verdade, estaria sujeito à alteração dos sentimentos e não superaria a prova do tempo” (LF 27). Não estaria aqui a causa de tantas dificuldades nas diversas formas de relacionamento ou até das separações? Não basta, portanto, a verdade das ciências ou a verdade dos indivíduos, com seus relativismos, que podem não servir ao bem comum e, inclusive, que pretendem eliminar a ligação da religião com a verdade (LF 25). Na Bíblia o Deus verdadeiro é o Deus fiel à sua Aliança. Verdade e fidelidade andam juntas (LF 28). Na plenitude dos tempos Jesus se apresenta como a Verdade, o Caminho e a Vida (Jo 14, 6): “A verdade que a fé nos descerra é uma verdade centrada no encontro com Cristo, na contemplação da sua vida, na percepção da sua presença” (LF 30). Portanto, nosso Deus revelado por Jesus Cristo não é um Deus reduzido a objeto. Ele é sujeito que se dá a conhecer e deseja relacionar-se conosco para termos participação na vida divina. Por isso, a teologia ou a catequese, com base na Escritura, não são apenas ensino sobre Deus, mas, sobretudo, Palavra que Ele mesmo nos dirige, em que Ele se revela (LF 36).
Concluímos nossa reflexão sobre o segundo capítulo da Lumen Fidei – A Luz da Fé, do Papa Francisco, com a rica linguagem simbólica que motivou o seu título: a Luz de Seu rosto nos ilumina e nos quer envolvidosem sua Luz , a fim de refletirmos também a partir Dele (LF 33). E aqui entramos na missão de sermos luz mundo (Mt 5, 14): “Quanto mais o cristão penetrar no círculo aberto pela luz de Cristo, tanto mais será capaz de compreender e acompanhar o caminho de cada homem para Deus” (LF 35).
Concluímos nossa reflexão sobre o segundo capítulo da Lumen Fidei – A Luz da Fé, do Papa Francisco, com a rica linguagem simbólica que motivou o seu título: a Luz de Seu rosto nos ilumina e nos quer envolvidos
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana
Postado por Coordenador de Pastoral
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